Não me oporia a tais refinamentos meta-ontológicos se partes de nós se degeneram deixando saudade de quem fomos assim que a comparação com qualquer animal dito inferior, estes que humilhamos para continuarmos vivos, retrata a discrepância entre a nossa dependência individual e a sua liberdade física, mesmo encarcerados em cubículos de abate.
Seria esta a dignidade que referes, a do corpo de tua mãe obesa a esfriar precocemente num caixão barato devido a pregressa dependência que tornou dos seus pulmões cachos de tumores a exalar um azedume insuportável pelas suas vias respiratórias? Fala-me o que é digno, recita-me, senão conceito frágil para a manutenção duma humanidade travestida de pátria piolhenta a ser conservada sob o ônus da escravidão em valores variáveis.
Púbere é a compaixão.